Por Leandro Agra – Multiplicador Maker do Fab Lab Rec
Tá querendo montar um espaço maker na sua comunidade, empresa ou instituição de ensino? Aqui no Fab Lab Rec, a gente já teve oportunidade de apoiar diversas instituições na implementação de seus espaços makers. Revendo nossas experiências, identificamos algumas coisas que são essenciais para você saber antes de começar o seu projeto.
1 – PESSOAS: Como tornar o espaço, por si só, uma fonte de inspiração à criatividade das pessoas que o frequentam?
Embora as máquinas e ferramentas de fabricação digital sejam o que chama mais atenção em um Espaço Maker, sem as pessoas ali presentes, nada aconteceria. Por isso, é importante pensarmos o nosso espaço como um ambiente inspirador, atrativo, que estimule a criatividade da comunidade que faz parte dele.
Pensando nisso, é interessante que a própria decoração e também a sinalização do espaço sirvam de exemplo para as potencialidades que o seu maquinário/estrutura proporciona. Mais do que as últimas tendências da arquitetura e do design, o seu espaço precisa ser autêntico e valorizar a Cultura Maker. Então bote a mão na massa e faça você mesmo! Ter alguns projetos distribuídos pelo local que também sirvam de inspiração para as possibilidades que o lugar oferece é outra boa estratégia para despertar a curiosidade do seu público.
Para além da estrutura, incluir na dinâmica do seu espaço oficinas e atividades de experimentação formativa para o público em geral também é algo que vai ajudar a fazer o seu Espaço Maker bombar! Afinal, o compartilhamento e a troca de experiências é fundamental para que um Espaço Maker cumpra sua razão de ser!
2 – MÁQUINAS DE FABRICAÇÃO DIGITAL: como potencializar o uso das máquinas para além da produção de brindes?
Algo muito comum e recorrente no Fab Lab Rec é recebermos visitas de pessoas que conhecem o ambiente, imprimem um chaveiro na impressora 3D ou cortam um brinde na cortadora laser e vão embora. Isso é o que o professor Paulo Blikstein, da Universidade de Stanford, estudioso da Cultura Maker, amigo e parceiro do Fab Lab Rec, chama de “síndrome do chaveiro”. Claramente, esse é um uso possível, mas a gente prefere estimular outros usos, que contemplem melhor a potencialidade das máquinas e ferramentas de um Espaço Maker.
Para fugir disso, é importante pensar no seu espaço como um ambiente de aprendizagem, que incentiva a invenção e a inovação! Ter uma equipe diversa e promover atividades que estimulem o desenvolvimento de produtos, mas principalmente de soluções criativas, pode ajudar nesse sentido. Que tal tentar se aproximar de iniciativas – sejam de empresas, startups ou inventores e inventoras – para contribuir com o desenvolvimento de soluções utilizando ferramentas de fabricação digital? Ou ainda, caso seu Espaço Maker seja voltado para fins educacionais, que tal conectar os conteúdos trabalhados em sala de aula com seu espaço e, através das impressoras 3D, cortadoras a laser e do uso de componentes eletrônicos, materializar projetos com estudantes?
3 – INSUMOS: o que é legal ter, não ter ou preferir não usar.
Se você tiver disponibilidade de recursos, pode acabar se empolgando em querer adquirir todas as possibilidades possíveis de materiais para usar em seu lab. Se não tiver tantos recursos assim, pode achar que não vai rolar de montar seu Espaço Maker porque não pode ter tudo o que gostaria, em termos de máquinas, ferramentas ou insumos.
Seja qual for o seu caso, o importante – antes de qualquer coisa – é pensar em qual o objetivo principal daquele ambiente. Será voltado para fins educacionais? Se sim, trata-se de educação básica, educação superior ou como um espaço de aprendizagem no geral? Em alguns casos, pode ser que o seu espaço seja voltado para auxiliar o desenvolvimento de protótipos para diversos setores da indústria. Tudo isso vai ditar a sua necessidade, pois na prototipação de projetos, podemos trabalhar com protótipos funcionais, de baixa fidelidade, o que a gente chama aqui na casa de “Maker Raiz”, como também com protótipos de alta fidelidade, através do uso de tecnologias e materiais mais complexos, e consequentemente, mais caros.
Entender qual o objetivo do seu Espaço Maker vai ajudar a direcionar os recursos destinados para a aquisição de máquinas e insumos que realmente serão necessários para aquele local. Por exemplo, um Espaço Maker montado para atender às demandas de uma escola do ensino básico pode não precisar de uma impressora 3D de tecnologia FDM, de grande porte e com algumas especificidades que a tornam mais cara. Também não seria recomendado o uso de insumos tóxicos como o filamento ABS ou algumas resinas. Tampouco, em espaços como esse, se fará necessário a aquisição de uma cortadora a laser de grande porte ou, por exemplo, de uma fresadora CNC, visto que para fins educacionais e de transferência de conhecimento, devemos focar muito mais nos processos, em COMO as coisas são feitas.
Além disso, é muito importante realizar pesquisas prévias sobre quais materiais podem ser cortados em algumas máquinas. Cortadoras a laser, por exemplo, não podem manipular material que possua vinil em sua composição, pois vai liberar gases tóxicos de cloro que tanto danificam os componentes da máquina como a saúde das pessoas presentes no espaço.
4 – CRIATIVIDADE: como utilizar o design compartilhado para inspirar o novo?
Lembra da “síndrome do chaveiro”? Uma boa estratégia para afastar esse verdadeiro “bicho papão” do seu Espaço Maker é recorrer às plataformas de design compartilhado e de compartilhamento de projetos para inspirar equipes e frequentadores.
É interessante estimular a cultura do hackeamento dos projetos com algumas perguntas simples sobre o que se encontra nessas plataformas:
A internet está repleta de material para a gente se inspirar. Por aqui, os sites e plataformas que mais usamos são:
5 – COLABORAÇÃO: como trocar experiências para fazer as ideias crescerem de forma colaborativa?
No movimento Maker, acreditamos que fazer junto é melhor que fazer só. Por isso, a colaboração entre pessoas não somente é bem-vinda, como desejável.
A tecnologia é massa, nos permite estar conectados com gente que lá do outro lado do mundo, seja através das redes sociais ou de outras diversas plataformas online. Então dedique uma parte de seu planejamento para criar perfis do seu Espaço Maker nessas plataformas. E, o mais importante: compartilhe as atividades e projetos do seu lab com o mundo!
Mas também vale lembrar que nem só de “bits” vive um Espaço Maker e, por isso, outra dica é planejar ações que atraiam parcerias com pessoas ou instituições locais, que possam contribuir com o conhecimento gerado no seu Espaço Maker. Os Fab Labs, por exemplo, promovem os “Open Days” onde a comunidade local pode utilizar as máquinas de fabricação digital de forma gratuita e são incentivadas a compartilhar seus arquivos. Então que tal criar perfis do seu Espaço Maker nos sites que já citamos?
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E não se esqueça: o Fab Lab Rec oferece consultoria completa e contínua ao seu espaço maker, que vai desde a implementação do laboratório à formação de equipes e integração do espaço com a agenda de formação da sua instituição.
Se quiser saber mais sobre este serviço, entre em contato com a gente e solicite uma proposta sob demanda.
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