Por Edgar Andrade
Eita que voltei a circular por tudo o que é canto e isso é bom demais. Tava com muita saudade de conhecer gente nova, conversar sobre as doidices que passam pelo meu juízo, e ver de perto como parte delas podem fazer sentido para diferentes contextos e realidades, principalmente nas cidades mais distantes das capitais, por onde costumava circular com mais frequência. O efeito de juntar gente nos lugares, olhando no olho, jamais será substituído pela tecnologia.
Mesmo quando as experiências de realidade virtual evoluírem ao ponto de termos aquela sensação dos encontros do Conselho Jedi, não acredito que conseguirão colocar a sensação do toque, do olhar, do calor que bate no coração quando estou no palco, falando minhas ideias. Quando olho para alguém no meio da plateia e essa pessoa solta um sorriso, balança a cabeça concordando com algo. Quando vejo alguém franzindo a testa em sinal de que não entendeu bem algo que comentei, dando a deixa para eu tentar explicar de um jeito diferente. Eita, que isso é bom demais! E quando a palestra acaba e se forma uma rodinha com uma galera querendo conversar mais, achando pouco o que rolou até ali? Ser expulso da sala porque tem outra pessoa chegando para a palestra seguinte. Vixe! Curto muito isso. Lembro demais da minha última palestra com público presencial antes da pandemia, foi no I Congresso de Educação Básica e Profissional SESC/SENAC CE. Falei por uma hora e depois foi quase outra hora de papo na rodinha que se formou. O ano de 2020 havia começado com agenda intensa e parecia muito promissor pra gente, até que de repente, pêi!
Estávamos presos dentro de casa, especulando quando voltaríamos a fazer atividades presenciais. Em agosto ou setembro de 2020, nem se pensava em demorar tanto tempo pra voltar a encontrar as pessoas. E foi um mói de live e conversa, reunião. Quatro, seis horas pendurado no meet, vixe! Mas no meio de tanta tela, tive muitas experiências legais. Uma das experiências mais marcantes na pandemia começou com uma mensagem no Instagram. Michelle Vieira me chamou, toda encabulada, me perguntando se toparia participar de um evento com estudantes do SENAI Barra Mansa. Respondi não só que topava, mas que queria realizar esse encontro através do Canal Maker. Me surpreendeu quando entrei na sala virtual e tinha mais de mil pessoas conectadas, e ainda realizamos um segundo momento que também reuniu mais de mil pessoas. Pois é, mas enquanto escrevo esse texto acabei ficando um pouco triste em relação a isso, sabia? Acabei ficando amigo de Michelle mas nunca nos encontramos presencialmente. E isso aconteceu também com muitas conexões feitas durante a pandemia. Fico pensando em como seria esse encontro presencial com esse mói de estudantes. Muito melhor, né?
Foram várias experiências bacanas até meu reencontro com o público no FOLIO (Festival Literário Internacional de Óbidos), em Portugal, em outubro de 2021. Muito estranho no primeiro momento. Fiquei tão empolgado que esqueci de ter cuidado com o vocabulário e quando dei fé, tava ouvindo umas gargalhadas do público, certamente por não entenderem minhas gírias pernambucanas. E olhe que até no Brasil tem uma galera que não entende alguns termos que falo, sendo bem sincero.
Nessa empolgação da volta ao contato com as pessoas, surgiu uma experiência nova que me animou muito e de um jeito que cheguei a me sentir como um artista. Fiz minha primeira turnê de palestras. Chique, né? Tive a honra de participar do lançamento dos planos dos ecossistemas de inovação da Bahia, convidado pelo SEBRAE BA, e acabei conhecendo Feira de Santana, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista. Além de conhecer uma galera massa tive a oportunidade de experimentar algumas cervejas artesanais incríveis, senti o movimento de criação e articulação de comunidades de inovação nessas cidades, e ainda aproveitei para conversar com professoras e professores do SENAC BA de Feira de Santana e Vitória da Conquista. É bem puxado fazer 05 palestras em 03 dias de trabalho. Puxado, mas divertido demais.
E pra não dizer que só vou pra Bahia, cheguei junto do Dia Mundial da Criatividade em Recife, organizado pela Proa Cultural no Porto Digital e estive numa conversa muito legal com professoras e professores do Colégio Apoio em Recife. Também mediei um painel incrível no Rio2C, e neste momento estou em São Paulo para testar um conteúdo novo que desenhei com Betita Valentim para o estande do SEBRAE Nacional no Bett Educar. E para fechar essa agenda inicial da volta ao presencial, no final do mês estarei em Ilhéus de novo com o SEBRAE BA. Tô quase virando baiano, sabia? Antes da turnê, ainda estive com Ana Luci e José Soares na cerimônia do Prêmio SEBRAE de Educação Empreendedora da Bahia, e num encontro massa com gestoras e gestores do SENAC BA, puxado pela amiga Monique Badaró e Mariana Lemos.
E pego estrada, e pego avião, e conheço gente nova, e dou pitaco no que esse povo tá fazendo em tudo o que é canto. Porque isso é o que mais gosto de fazer: conversar, falar sobre as doidices que povoam meu juízo, e dar pitaco. Pode ser remoto? Claro que pode! Participei do Encontro de Jovens Aprendizes do Centro de Educação Profissional Praça da Sé (SENAC BA), organizado por Tássia Spínola. Semana que vem estarei conectado com estudantes do Instituto Federal de Pernambuco (Serra Talhada), organizado pelo amigo Eduardo Vergolino.
E quero ter muito mais experiências pelo interior. Aposto que estão acompanhando as conversas sobre 5G, internet das coisas, big data, inteligência artificial. Estão né? Pronto! Tenho uma visão otimista sobre o possível impacto dessas tecnologias como instrumento de enfrentamento dos adensamentos urbanos. Tenho fé de que, com a capacidade de nos conectar com qualidade com qualquer pessoa de qualquer lugar, a partir de qualquer canto, aquela história de jovens deixando suas cidades em busca de oportunidades pode sofrer algum processo de reversão, reduzindo a migração para os grandes centros urbanos. Espero de verdade que, no futuro próximo, as pessoas não deixem mais suas cidades porque precisam, ou porque é o jeito. Que só saiam quando realmente sentirem aquele impulso desbravador de conhecer e se conectar fisicamente com o mundo.
Por isso quero rodar mais pelo interior desse país, para falar sobre essas coisas que me movem, que me fazem ser otimista e acreditar que as experiências inovadoras das grandes cidades podem chegar em qualquer canto que tenha uma galera inquieta, querendo fazer as coisas de um jeito diferente. Que a partir de um espaço físico (que pode ser um Fab Lab) é possível misturar gente, juntar estudantes, professoras e professores, grandes empresários, microempreendedores e a galera da economia criativa, todo mundo com o mesmo objetivo: transformar suas cidades para se tornarem cada vez melhores para quem vive nelas e para quem as visita. Legal, né?
Esse texto é o compartilhamento do que venho sentindo, da emoção de voltar a circular por todo canto e da agonia para fazer cada vez mais. Quero que você cole comigo. Pode ser me contratando para algum evento, chamando o Fab Lab Recife para participar de um projeto na sua empresa, curtindo, comentando, espalhando esses conteúdos pelo mundo, chamando a galera para acompanhar. Porque o que mais me empolga é essa troca de olhares, presenciais ou através das teclas e telas. Mas, essencialmente, dessa difusão de ideias, pensamentos e inquietações sobre o futuro das escolas, dos negócios, das cidades. Dos futuros desejados e que serão cocriados a partir das nossas experimentações, do que a gente conseguir tirar dos nossos juízos para colocar no mundo real.
Categoria